Nicarágua garante ter ficado livre de minas terrestres

Por Roberto Lopes

Uma sessão especial promovida em Genebra, semana passada, por Susan Eckey, presidente da Convenção de Minas Antipessoal – originária do Tratado de Ottawa, de 1997 –, anunciou a remoção e destruição das últimas minas que jaziam enterradas no solo da Nicarágua.
A Convenção fez o anúncio após uma reunião com o coronel Spiro Bassi, do Exército da Nicarágua, e com o representante do Ministério da Defesa desse país, Umana Juan Loáisiga.
Livrar o território nicaragüense das minas consumiu duas décadas. Segundo as mesmas informações, a última mina foi recolhida e destruída no dia 13 de abril deste ano.
No total os sucessivos governos nicaragüenses contabilizam a destruição de mais de 179 mil minas antipessoal.
Este é o primeiro anúncio da conclusão de uma tarefa de desminagem feito por um governo desde a Cúpula Mundial da Convenção realizada na Colômbia, em 2009. No conclave, Albânia, Grécia, Ruanda e Zâmbia divulgaram a erradicação de minas terrestres de seus territórios.
Na Nicarágua, as minas – em sua maioria, do tipo antipessoal (há outras, como as antitanque) --, foram semeadas durante a guerra civil que terminou, oficialmente, em 1989. Ainda naquele ano equipes das Forças Armadas nicaragüenses iniciaram, lentamente, a limpeza das áreas minadas.
A previsão era de que o trabalho encontraria cerca de 135.500 minas, mas os militares desenterraram dezenas de milhares de outras, que não haviam sido previamente "registradas" por nenhum dos dois lados em confronto, revelou a Convenção.
As minas foram removidas de 16 das 17 regiões administrativas do país. Elas ameaçavam, sobretudo, áreas rurais, povoadas por comunidades pobres. O governo de Manágua estima que existam ao menos 1.200 sobreviventes de explosões de minas antipessoal.
A Organização das Nações Unidas proíbe os governos de manterem minas antipessoal em seus arsenais. E só o governo da Espanha anunciou a destruição de mais de 800 mil dessas armas. No Brasil, diferentes modelos de minas terrestres eram fabricadas pela empresa paranaense Britanite, mas essa fabricação foi oficialmente interrompida na segunda metade da década de 1990 – contra a opinião do Exército --, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso determinou que o Brasil aderisse ao Tratado de Ottawa.
As Nações Unidas calculam que ao menos 100 milhões de minas, escondidas em 60 países, ofereçam ainda risco ao ser humano. A maior parte delas estaria enterrada no território da chamada “África Negra”.

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