São Paulo Blade Runner

Por Cristina Livramento



A Câmara Municipal, de São Paulo, segundo o jornal Folha de S. Paulo, aprovou ontem projeto de lei que amplia em uma hora o período de duração das restrições de ruídos em São Paulo. Pela proposta da vereadora Soninha Francine (PPS), as regras do Psiu (Programa de Silêncio Urbano) passam a valer das 22h às 8h e não mais das 22h às 7h. A medida entra em vigor depois da proposta sancionada pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM).
A medida deve atingir, principalmente, o início das obras em vias públicas e em construções civis. O SindusCon (sindicado que representa as empresas da construção civial em São Paulo) afirmou, em nota, que o setor deve ser afetado pela nova medida. “O período da Lei do Silêncio para as obras poderá criar problemas para os 300 mil trabalhadores da construção civil no município de São Paulo e para o trânsito da capital.” Para o sindicato, haverá mais perda de tempo no deslocamento dos trabalhadores de suas casas até aos canteiros.
Empresas pressionam prefeitura e não pensam em todo o tipo de incômodo (sonoro e psicológico) que provocam nos moradores dessas regiões com obras. O argumento da dificuldade de locomoção dos trabalhadores deveria ter sido reestruturado há muito tempo, numa parceria entre prefeitura e construtoras, mas não. Parece que não há de fato soluções econômicas e práticas para congestionamento no trânsito, barulhos de bares e casas noturnas e o transtorno de britadeiras, tratores no ouvido de quem está doente ou apenas ouvindo uma televisão bem baixinha depois de um longo e cansativo dia de trabalho.
Conclusão é que o morador, na maioria das vezes, se vê obrigado a criar alternativas para manter o bom humor tanto para trabalhar quanto para repousar. Forma assim, um círculo vicioso de gente estressada e irritada. Isso atrapalha o movimento da cidade. Atrapalha as relações humanas e a economia. Afinal, ninguém quer que a cidade se transforme em uma guerra armada, não é?


* Cristina Livramento é editora da Psique

1 comentários:

Anônimo disse...

e escolas de samba? podem fazer o barulho q quizerem?