Amanhã, um novo (velho) dia

Por Cristina Livramento*



Chega fim de ano e grande parte da sociedade desloca sua atenção às comemorações de festas de Natal e Ano Novo. São os roteiros de viagens com a família, a lista de presentes para amigos e parentes, aquisição de enfeites para a casa, mantimentos para as ceias. Tudo isso para que fique bem bonito e com cara de novo. Alguns selecionam rigorosamente o que vão vestir, o que vão fazer durante a passagem do ano – simpatias ou rituais – para que o primeiro dia do ano tenha boas vibrações e bênçãos.
O que geralmente as pessoas esquecem é que essas festas, e toda essa energia em volta das comemorações de fim de ano, deveriam servir – pelo menos nessa época – para repensar atitudes e relações afetivas e profissionais. O próprio conceito de família unida, em termos de afetividade, deveria ser muito bem pensado. Pouquíssimas pessoas têm a sorte de ter uma família unida e feliz, em que, apesar das inúmeras diferenças, todos se respeitam. Unidades sem esse ingrediente, não servem pra nada. Ou, apreender não ser tão infeliz por não fazer parte de uma família assim.
Na verdade, a passagem do ano deveria motivar o homem a ser cada vez melhor e, atualmente, a exercer seus deveres muito mais do que resmungar pelos seus direitos. A vida, no cotidiano, com suas intempéries, e a clareza absoluta de que se trabalha no que gosta, não se pode ganhar tudo sempre o tempo todo, é possível construir um sonho aos poucos e sem atropelar ou agredir ninguém, de que o amor é possível sim em todas as idades e em qualquer lugar, e talvez o mais importante, compreender de que somos os únicos responsáveis por nossa (in)felicidade. Portanto, não é a roupa branca, nem a lentilha que fará de um novo ano uma experiência mais colorida e feliz. Isso só é possível por uma atitude exclusivamente sua.



* Cristina Livramento é editora da Psique.

2 comentários:

Anônimo disse...

Maravilhosa colocação,"...não é a roupa, a lentilha....feliz."
Parabéns Cristina.

T disse...

Sempre (Ou quase sempre) é tempo de reflexão. Abraço pro pessoal do Núcleo!