Tão pequenininha

Ela está em várias capas de revista de fofoca, é assunto em vários programas de tevê, ganha, mais ou menos, R$ 20 mil por mês (entre salário e merchandising) e não pode dar qualquer entrevista para a imprensa. Seu nome é Maísa Silva, sua idade: 6 anos.
Até que ponto uma criança pode ser exposta pela mídia? Em uma sociedade em que pais e mães estão cada vez mais permissivos e desaprenderam a dizer não para seus filhos, será que essa exposição não colabora – em um contexto consumista, individualista e prevaricador – para que se perca cada vez mais a noção dos limites?
No caso específico de Maísa, será que a cabeça da criança está preparada para ver sua própria imagem exposta e comentada a todo o momento por várias pessoas e vários lugares? Que tipo de relações – inclusive de trabalho – ela é exposta?
Maísa Silva, na verdade, não é o único caso de sucesso nutrido pela mídia. Shirley Temple, atriz mirim do cinema da década de 30, a quem é dado o crédito, pelo presidente da época, Franklin D. Roosevelt, de “ter feito a América atravessar a Grande Depressão com um sorriso” por meio dos filmes que fez, é um exemplo clássico. No Brasil, há casos como os das atrizes Glória Pires e Rosana Garcia.
Sites, jornais e revistas têm falado muito de Maísa desde sua contratação pelo SBT e, principalmente, sua participação no programa Show do Silvio Santos, ao lado do apresentador e dono da emissora, Silvio Santos.

* Cristina Livramento é editora da Psique