O atalho para a felicidade

Um dos temas levantados na matéria de capa da Revista Filosofia 28 é se, dada a evolução cada vez mais rápida do homem, estamos preparados para lidar com as questões morais que emergem.

Os últimos textos que escrevi aqui no Blog têm pertinentes contribuições a fazer neste assunto. O biopoder que o homem tem adquirido para transformar o seu destino genético, por exemplo, é uma das principais questões morais, inéditas e polêmicas a serem discutidas na atualidade.

Refletindo sobre moral, eu resgato Nietzsche, o pensador que foi estudar a genealogia da moral para saber de onde ela parte e para quem serve. E a conclusão é de que o ser humano deve fazer aquilo que é “bom” para a sua vontade de potência, aquilo que vai realizar o homem e que seguirá a NATUREZA de cada um.

Mas diante de tão forte transformação do mundo, diante de tantos subterfúgios para fugir da realidade — como drogas para felicidade, só para ficar em um exemplo — eu me questiono: será que as pessoas hoje sabem o que é a SUA NATUREZA — ou seja, aquilo que as fazem felizes — ou estão apenas remando com a maré do capitalismo, da realização material e fútil? Afinal de contas, acaba sendo muito mais fácil achar um sentido para a vida nessa busca incessante e cíclica de algo que nunca vai me realizar.

Definitivamente a Natureza individual e singular não é respeitada. Ou será que as pessoas conseguiram moldar a sua natureza aos aspectos sociais e hoje temos naturezas coletivas?

É possível separar esses aspectos no mundo de hoje, ou seja, o que é minha natureza do que eles querem que seja a minha natureza? Ao que me parece, a tecnologia e as ilusões materiais já confundiram as pessoas de modo a elas não saberem mais o que são e o que querem. A tal ponto de conformação que esses aspectos já não incomodam mais.

Não são poucos os relatos que hoje ouço sobre um ser humano feliz e realizado nessa sociedade caótica, desorganizada, cheia de violência, medos, frustrações... Será que essas pessoas estão realizadas ou somente anestesiadas? Ou será ainda que elas encontraram um novo atalho para a felicidade?







* Paula Felix Palma é editora de Filosofia Ciência & Vida
(Nas bancas, a edição 27 - ODEIO, LOGO EXISTO Terrorismo, futebol, nazismo. O ódio permeia a sociedade e a Filosofia. Entenda este sentimento em Freud, Hegel e Sêneca, entre outros pensadores)

4 comentários:

Anônimo disse...

Qual está sendo a referência do mundo hoje? Precisamos buscar um alvo. O Pós-modernismo — título que muitos pensadores tentam fugir — tem nos colocado na parede junto ao relativismo. Pessoas cada vez mais obcecadas pelo "eu" são totalmente influenciadas pelas massas, assumem uma máscara de feliz imposta pela futilidade, por sua tola vaidade de ser preenchidas pelos seus próprios conceitos individualistas. A massa está sem referência, a criação ignora o Criador acreditando em vãs teorias de felicidade estabelecidas nada mais nada menos do que pelos próprios seres errantes iguais a massa. Referência, eis a questão! Onde a está sua identidade? Quem pode dizer para você quem você é? Por mais fundo que a ciência pode cavar a respeito do ser humano ela não poderá entendê-lo, "pois só podemos entender aquilo que criamos"!

Anônimo disse...

mas a felicidade é algo criado por nós mesmo, assim como o ódio, a inveja, a bondade... hahahahaaha. Enfim, somos capazes de criar atalhos também, mas mais que isso, acho que cada um pode inventar a sua felicidade. Afinal, ser feliz é totalmente subjetivo: eu sou feliz sendo pobre. Já outras pessoas não seriam. Lógico que isso é só um exemplo, hahahahaa. Se existe uma acomodação ou não, o que importa é a felicidade. Lembra do filme "O amor é cego", na cena em que o mocinho volta a enxergar as pessoas pelo que elas sao por fora, e ve sua namorada, aquela obesa? Então, há ali uma frase genial: "porque nao me deixou como eu estava?"; logo, concluo, há ilusões que afagam a realidade e, porque não, trazem felicidade. Igual cu, cada um com o seu

Nanda Areias disse...

Não sei se podemos classificar assim, mas vejo que estamos focando "felicidades" diferentes.
Uns focam a parte "espiritual", aquela felicidade que completa o transcendente, já o outro foca a felicidade como sentimento humano, o sentimento que completa e dá prazer. Do mais humano possível.
Acredito que todo ser humano tem seu lado espiritual, por isso somos dotados e precisamos dos dois "tipos" de felicidade.
Acredito que quando Deus nos criou, nos criou com todos os sentimentos, como postado acima. Precisamos extrair de todos estes aquilo que é bom, que nos faz bem, e complementar com aquilo que cremos, sem impor para os outros crenças e valores, pois se cada um tem sua crença e seu valor, cada um precisa ser respeitado como é e naquilo que acredita.
Todos sendo felizes.

Anônimo disse...

Eu aposto simplesmente na alegria. Felicidade deveria ser algo que vem de dentro, no entanto, nós temos apenas 'momentos de felicidade', justamente porque procuramos a felicidade em coisas ou em outras pessoas, e nunca dentro de nós.
Mas eu sou feliz!
=)
Escutem minha gargalhada... HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!
Beijos.

P.S. Paulita, vc escreve muito bem. Meu orgulho!!!