Você é um nomofóbico?

Por Roberto Lopes

O fenômeno já foi batizado de nomofobia pelos especialistas, que significa no mobile, ou medo de estar sem celular, na tradução literal.
A síndrome derivada do fenômeno, dizem os especialistas, causa ansiedade, impotência, angústia e, nos casos mais graves, até pânico – que surge quando alguém se sente impossibilitado de se comunicar por estar sem o aparelho.
“A pessoa não consegue se desprender da tecnologia. Deixa o aparelho ligado 24 horas por dia, inclusive na hora que vai ao banheiro ou até mesmo na hora de dormir”, explica o psicólogo Cristiano Nabuco, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP, ligado à Secretaria de Estado da Saúde.
Para ele, a nomofobia não diz respeito somente ao aparelho celular, mas a qualquer tecnologia que deixe as pessoas conectadas, como computadores e notebooks. Só no Brasil – onde o celular está presente há exatos 20 anos -- já são mais de 250 milhões de aparelhos de telefonia móvel vendidos.
“Esse número é impressionante porque é maior que o da própria população”, observa Nabuco. “Isso mostra como as pessoas estão cada vez mais dependentes, e até passaram a usar mais de um telefone”, afirma o psicólogo. Ele acrescenta: antigamente as janela das casas eram grandes, pois constituíam uma forma de comunicação com o mundo. “Hoje as janelas estão cada vez menores e as TVs cada vez maiores. Essa é a nova conexão com o mundo”, completa o psicólogo.
Segundo Nabuco, qualquer um está sujeito à fobia, mas o alvo mais comum são os jovens. O especialista alerta para os sintomas mais freqüentes da nomofobia: abandonar tudo o que faz para atender o celular; nunca deixar o aparelho sem bateria; não carregar o celular na bolsa, bolso ou similares (prefere carregá-lo na mão para que possa atender imediatamente); nunca esquece o celular em casa, se isso acontecer, volta de onde está para pegá-lo; sente-se mal quando acaba a bateria, quando perde o aparelho ou pensa que perdeu.
“Não dá para se tirar o celular totalmente da vida de alguém”, admite Cristiano Nabuco, “o importante é usar o bom senso para não permitir que esse recurso da tecnologia se transforme em vício”.

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