Pensamento fitness

Questões existenciais, como o nosso papel no mundo e o sentido da vida, sempre acompanharam o homem. Mas penso que hoje vivemos uma espécie de transição, um momento de mudanças de paradigmas, o que dá a sensação de vazio, de estar perdido. Em grande parte porque a pós-modernidade nos traz múltiplas possibilidades. Mas, por outro lado, será que não é essa sensação que nos faz seguir ainda mais modelos?

O pensamento fitness. Esta frase é parte de uma peça de teatro que assisti no domingo passado encenada no Teatro Satyros II, na Praça Roosevelt, O manual prático para o anonimato. Assim como a frase de impacto faz pensar, toda a peça convida à reflexão sobre os modelos que temos que seguir na pós-modernidade. Religião, trabalho, relacionamento...

Os conceitos são abordados de forma crítica, mostrando que somos escravos sim, seja da rotina do trabalho ou da última moda. Ou seja, o pensamento fitness, que remete a um homem atômato, que segue rígidos padrões de beleza, de sociedade, de relacionamentos... e que não sabe fazer o exercício do pensar diante de tão belas e múltiplas possibilidades.

Para quem quer fazer um exercício de reflexão, a peça fica em cartaz até 21 de dezembro

* Paula Felix Palma é editora de Filosofia Ciência & Vida (Nas bancas, a edição 28 - HOMEM MÁQUINA - As questões morais em nossa relação com a tecnologia: o mito de Prometeu e um olhar de DANIEL DENNET