As ostras e as pérolas

Por Michael Nuñez

Que o improviso faz parte da vida de um político não é novidade pra ninguém. Porém, quem faz uso desse artifício costuma andar sempre sobre o fio da navalha. Que o diga Barack Obama. Em poucos meses de mandato, o novo presidente dos Estados Unidos experimentou os dois lados da lâmina.

No dia da posse de sua equipe, o político fez, publicamente, inúmeros elogios a seus novos comandados. Passaram-se alguns dias e dois deles renunciaram a seus respectivos cargos devido a incontáveis problemas com o fisco daquele país. Tal fato fez com que Obama voltasse atrás em seu discurso e reconhecesse o erro. “Pisei na bola”, disse o comandante norte-americano.

Na semana passada, durante a reunião do G-20, Barack mostrou mais uma vez que adora equilibrar-se na navalha. Ele confia tanto em seu talento de equilibrista que poderia fazer um “bico” no Cirque du Soleil. Desta vez, o presidente aproveitou o encontro dos principais líderes de governo do planeta para elogiar nada mais nada menos que Lula, nosso presidente. Usando uma frase que já faz parte do dia a dia dos brasileiros, Obama entrou para a história como o único presidente de um país de elite a adorar de paixão um presidente de terceiro mundo. “Ele é o cara. Eu adoro ele!”, disse o americano.

Custa-me acreditar que essa frase estivesse escrita em seu discurso. Quem, em sã consciência, incluiria a apaixonada frase na fala do principal mandatário mundial?

Como sugere a matéria que está na última edição da Revista Sociologia, Obama e Lula possuem várias características em comum. Além de terem chegado ao poder com o apoio incontestável de suas respectivas nações, adoram improvisar. Na verdade, Lula daria um ótimo biólogo marinho. Estuda as ostras para apresentar pérolas. Lembro que após os Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro, em 2007, Lula recebeu os atletas para-olímpicos em Brasília para uma homenagem. Tudo corria bem até o presidente perceber que atletas, dirigentes esportivos e parlamentares sucumbiram ao seu inflamado discurso. Aproveitando que o microfone continuava ligado e que a platéia enxugava suas lágrimas, Lula sacou mais uma ostra de seu paletó e disse:

“Vocês (atletas) mostraram ao Brasil que é possível vencer, mesmo tendo alguma deficiência física. Se uma pessoa sem um dedo na mão chegou até aqui (presidência), imaginem vocês que não têm pernas, braços. Vocês podem chegar muito mais longe.”

Pois é. De pérola em pérola a ostra enche o papo.

Até a semana que vem!

5 comentários:

Anônimo disse...

Ei Michael,

Parabéns pelos textos aqui do blog. estão bem bacanas.

E bem vindo ao núcleo!

Andy Rocka disse...

Eu acredito que o povo adora essas pérolas. "Ele fala o que vem na mente, está certo. Pelo menos ele é honesto". Consegue imaginar seus eleitores falando essa frase? Pois é, eu imagino.

Gláucia disse...

Desculpe, mas o que penso sobre nosso excelentíssimo presidente molusco e o que ele vem fazendo com nosso País (mesmo sem saber nada...), não pode ser publicado.

Já Obama praticamente assumiu o papel do Presidente Thomas J. Whitmore em Idependence Day. Logo logo alguma ONG oportunista iniciará a campanha super faturada para salvar as naves alienígenas. Aguardem!

Gláucia.

Anônimo disse...

concordo com o exposto e achava q o Obama era mais inteligente e menos populista. Falar q o Lula "É o cara" só pode ser piada.

Anônimo disse...

Eu adoro os dois...Obama e Lula serão lembrados para sempre e não somente pelas pérolas..rsrsrs...