Quanto custa uma hora de diversão em uma cidade grande?

Por Michael Nuñez

Outro dia, passeando num shopping aqui de São Paulo, escutei duas amigas discutindo sobre o alto preço cobrado pelo cinema. “Trinta e cinco reais? Para assistir um filme? Eu não pago”, disse uma delas.

Meu passeio pelo shopping continuou, mas confesso que o assunto martelou minha cabeça por toda a noite. Afinal, quanto custa uma hora de diversão em uma cidade grande, como São Paulo, por exemplo?

Lembrei-me dos tempos antigos, quando precisava contar os trocados para pagar a faculdade, fazer um supermercado, pegar um ônibus e, claro, me divertir. Naquela época, por obrigação, procurava os programas mais baratos possível. Os que não cobravam entrada eram meus “melhores amigos”. Sempre nos encontrávamos. Por mais que digam o contrário, eventos gratuitos existem aos montes. Cansei de ficar na fila do Auditório da Fiesp para conseguir entradas para peças de teatro e shows musicais. Como um bom apreciador de blues, não perdia uma “terça blues”, evento gratuito que acontecia no Centro Cultural São Paulo. Sem contar as dezenas de shows que assisti de graça no Parque do Ibirapuera.

Naquela época sempre havia um programa bacana para fazer. O fato de não ter verba suficiente para acessar grandes eventos jamais me impediu de prestigiar bons espetáculos. É claro que algumas vezes você vê artistas menos conhecidos, em locais mais acanhados, mas, dependendo da sorte, pode ser que encontre um Gilberto Gil, um Paco de Lucia ou um Barão Vermelho da vida perambulando pela cidade.

Outro dia, navegando pela internet para garimpar boas sugestões de agenda para o Portal Ciência & Vida constatei que os anos passam, mas a diversidade cultural existente nos grandes centros permanece intacta. Vi que no mês de abril haverá grandes espetáculos com entrada gratuita. A Maria Rita, por exemplo, cantará em um shopping da zona leste. Andrea Bocelli, sim, aquele famoso tenor, se apresentará no Parque da Independência, no Ipiranga.

Pois é. Depois dessa dá até vontade de voltar ao mesmo shopping para tentar encontrar novamente aquelas pessoas que discutiam sobre o alto custo dos ingressos de cinema.

Tomara que a diversão à custo zero continue firme, com bastante saúde. Para que me acompanhe por muitos e muitos anos.

Até a semana que vem.

3 comentários:

Anônimo disse...

tem também caminhar no Ibirapuera, no Vila Lobos, visitar exposições grátis... enfim tem São Paulo pra todos os gostos e bolsos

Anônimo disse...

E não pára por aí. Gilberto Dimenstain dá várias dicas no www.catracalivre.com.br. Sem falar, por exemplo, na Orquestra Jazz Sinfônica, que se apresenta no MAM, muitas vezes de graça. São Paulo é um caldeirão de coisas boas.

Gláucia disse...

O brasileiro tem o hábito de achar que o que é bom é caro. Seria necessário primeiro mudar a mentalidade para que as pessoas começassem a buscar opções em diversos sites que oferecem esse serviço e não apenas acessar o TicketMaster.

Gláucia.